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Modelo fiscal da ZEE de Chancay pode ser mais vantajoso que ZFM, alerta economista

O Brasil precisa criar melhores argumentos fiscais se quiser fazer frente à concorrência com os peruanos, disse Juarez Baldoíno 

Interessada no compartilhamento de impressões sobre a Zona Econômica Especial que o governo peruano pretende fomentar, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) realizou,  na última quinta-feira (19), um debate sobre as oportunidades comerciais e desafios inerentes à integração que ocorrerá entre Manaus e o Porto de Chancay, no Peru.

A ideia do encontro foi discutir os benefícios e desafios que essa nova estrutura portuária trará para a integração comercial na região e os possíveis impactos econômicos que ela vai gerar sobre o modelo industrial amazonense.

A rota entre os portos de Manaus e Chancay, no Peru, via oceano Pacífico e passando pelo município de Tabatinga, no Amazonas, é anunciada como grande benefício para a redução dos custos do transporte de cargas até o continente asiático, sobretudo a China.

Artigo

Em um artigo publicado neste sábado (21), no Jornal do Commercio, o economista Juarez Baldoíno, entretanto, levantou a desconfiança de que, por conta do tratamento tributário dado às indústrias, a Zona Econômica Especial de Chancay é um modelo mais vantajoso fiscalmente que o do Polo Industrial de Manaus (PIM).

O especialista elencou variáveis relevantes nesse contexto de uma futura disputa contra o Peru, como a logística mais fácil para o escomento da produção fabril para o Brasil e a soma dos benefícios fiscais, que põem Chancay na dianteira de um destino para o qual vale a pena a transferência de capital estrangeiro em detrimento da escolha por Manaus.

“Considerando o acordo feito, em 2023, entre os países da América do Sul liderados pelo Brasil, para estreitarem e aumentarem a integração comercial, Chancay e as demais ZEE do Peru estarão atendendo a estratégia combinada. O eventual deslocamento de produção da ZFM para o Peru, dependerá apenas de estudos de viabilidade, e contribuirá para aumentar as transações entre os países do acordo de 2023 para além dos atuais 15%”, alerta o economista em seu texto.

Investimentos

Baldoíno explicou também que a China, líder dos investimentos em Chancay, poderá optar por negociar insumos para a ZEE ao invés de os vender para a ZFM, caso haja essa efetiva migração das indústrias.

“Estas novas variáveis econômicas do Peru confrontadas com a realidade da ZFM precisam fazer parte do radar estratégico do Amazonas. A partir de Chancay parece ser necessário criar melhores argumentos numéricos do Brasil para manter a ZFM, ou ela poderá ser superada pelos peruanos. Talvez até uma outra Reforma Tributária”, ressaltou o especialista.