Falta de pessoal preocupa servidores da Fazenda
Faz 11 anos que a Secretaria de Fazenda do Estado do Amazonas (Sefaz-AM) promoveu o seu último concurso e, há 10 anos, os aprovados foram chamados para atuar. Para marcar essa data emblemática, o SIFAM entrevistou alguns desses “novatos”, que apontaram as conquistas e os obstáculos vividos por eles desde que ingressaram na secretaria até os tempos de hoje. Se por um lado os fazendários comemoram os investimentos na modernização dos sistemas e infraestrutura da Sefaz-AM, por outro, mostram grande preocupação com a falta de pessoal.
Questionada sobre as principais melhorias ao longo desses 10 anos, a primeira lembrança da técnica da fazenda estadual (TFE) Ellen Patrícia da Costa foi quanto a maior concentração dos servidores na sede. “O centro de treinamento sofreu uma grande reforma. Ele era em outro prédio e trouxeram para cá (prédio-sede). Com isso, foi possível nos capacitarmos sem precisar nos locomover e enfrentar o trânsito, o que foi muito positivo”, disse Ellen. Hoje, ela atua na subgerência de treinamento.
A mudança mencionada por Ellen também foi lembrada pela assistente administrativa Bianca Falcão. “Quando cheguei na Sefaz-AM eu ficava no bairro Praça 14. Era como se a gente não fizesse parte da Sefaz. Estávamos muito isolados”, disse Bianca. Para ela, a grande vantagem de ir para o prédio-sede foi a oportunidade de conhecer outros setores e saber com qual se identifica. “Hoje, estou numa área que me identifico”, afirmou Bianca, que trabalha como gerente de desenvolvimento de pessoas.
Uma falha da Secretaria apontada por Bianca é o desperdício de talentos. “Acho que a Sefaz não conhece o potencial de seus servidores. Têm pessoas que podem contribuir muito mais do que contribuem hoje, mas a Secretaria não conhece a formação das pessoas, por isso não estão aproveitando bem os talentos da casa”. Ela acredita, também, que os investimentos na estrutura física da sede e na capacitação dos servidores devem ser priorizados pela secretaria, nos próximos anos, assim como novos concursos. “Tem muita gente se aposentando”, afirmou.
Ainda ressaltando a riqueza de talentos, a técnica de arrecadação de tributos estaduais (Tates), Karen Valeska Monteiro, falou da diversidade de profissionais que passaram a fazer parte da secretaria devido ao último concurso. “Advogados, contadores, engenheiros, economistas. Tem até uma colega analista do tesouro que é formada em letras, e isso não a impediu de entrar na Sefaz, ela pode somar atuando na secretaria com a experiência de vida e profissão dela, assim como todos nós”, disse Karen, que antes de ser fazendária trabalhou no distrito industrial.
O intercâmbio de conhecimentos entre os veteranos e os novatos é fundamental para o sucesso dos trabalhos, segundo Karen. “Nada a gente conseguiria fazer se não houvesse essa troca, que foi muito importante e é até hoje. Conto muito com a ajuda das pessoas que já têm experiência na Sefaz-AM”, declara. Em contrapartida, a veterana Socorro Fonseca (TATE), que tem 37 anos de casa, reconhece a contribuição técnica dos que chegaram depois. “Nós não tínhamos a técnica que eles têm na parte de informática, naquela época ainda era datilografia. Eles têm esse conhecimento, fizeram faculdade, mas não tem a vivência que nós temos, então, houve uma integração muito boa”, disse Socorro.
O avanço tecnológico da secretaria, que permitiu a implementação de projetos como a nota fiscal eletrônica, nota fiscal do consumidor e a nota fiscal avulsa eletrônica também foram citadas por Karen e outros fazendários como o TFE, Marcelo Delduque, e a TATE Anny Karolliny Coelho. Para eles, essas novidades permitiram maior qualidade no serviço entregue ao contribuinte e mais transparência nas ações da Sefaz-AM.
É claro que em 10 anos nem tudo foi motivo para comemoração, entre os principais problemas destacados pelos servidores estão a desvalorização profissional quanto ao desenvolvimento na carreira, nas progressões e promoções, a insegurança na legislação sobre o plano de cargos, carreiras e remunerações e a urgente necessidade de fazer novos concursos.
Apesar de reconhecer o alto impacto da crise financeira, os servidores já vêm notando no dia a dia do trabalho uma forte necessidade de mão de obra. “No meu cargo, a gente verifica que muitas pessoas estão se aposentando e, provavelmente, em 2018, nós teremos de 15 a 20 ativos. Hoje, somos, aproximadamente, 65 ativos”, preocupa-se Anny Karolliny, TATE.
O alarde sobre a falta de pessoal feito pelos fazendários tem respaldo. De acordo com dados fornecidos ao Sifam pela Sefaz-AM, em maio deste ano, os servidores ativos somavam 617 servidores entre homens e mulheres. Desses, 25% já alcançaram a idade mínima para pedir a aposentadoria voluntária e 12 estão afastados