Grupo canadense avança em projeto de R$ 13,7 bilhões para extração de potássio
O grupo canadense Brazil Potash anunciou para meados do próximo ano, a instalação de uma mina de extração e beneficiamento de potássio em Autazes, a 113 km de Manaus.
A matéria, publicada na edição desta quinta-feira (10) do jornal Estado de São Paulo, aponta que as reservas minerais encontram-se próximas do rio Madeira, que será usado como rota de escoamento para o principal mercado brasileiro de consumo de fertilizantes, os Estados da região Centro-Oeste.
A mina de Autazes, descoberta em 2011, tem cerca de 800 milhões de toneladas de silvinita aguardando serem exploradas, o que vai consolidar o Brasil como uma potência mundial na exploração desse mineral.
O investimento previsto pela empresa canadense é de US$ 2.5 bilhões (algo equivalente a R$ 13,7 bilhões) e o projeto de exploração prevê capacidade anual de produção de 2,2 milhões toneladas de cloreto de potássio.
Planta fabril
O projeto, de acordo com a matéria, vai ocupar nove hectares para instalação de dois poços de acesso às camadas de minério no subsolo, onde os trabalhos de mineração serão realizados em sistema de galerias, pilares e câmara.
Na planta fabril também estão previstos o uso de 350 hectares para as instalações de beneficiamento (maior parte em áreas atualmente usadas para a pastagem de animais), além de cerca de 100 hectares para a instalação de um porto privado para escoamento da produção.
O volume de material retirado da mina para ser envasado em Manaus deverá ser feito pelo rio Urucurituba, próximo do rio Madeira.
Insumos
A mina de Autazes é subterrânea (800 metros de profundidade) e tem vida útil estimada em 23 anos, considerando as atuais reservas de silvinita (minério que abriga os sais de potássio) autorizadas para extração no mundo.
O grau de importância do início das operações no interior do Amazonas está no fato de que cerca de 80% dos fertilizantes consumidos no país são de origem estrangeira.
Do volume que o país consome atualmente de potássio por ano, segundo dados oficiais e de associações do setor agrícola, 95% dos insumos são trazidos do exterior – Canadá, Rússia, Bielorrússia, Alemanha e Israel.
O volume importado somou 7 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024. A projeção do Governo Federal é as importações de potássio alcancem ao menos 12 milhões de toneladas neste ano.
Importações
A previsão de início da produção efetiva é em 2028 ou início de 2029. Do minério extraído do subsolo, a silvinita, 30% são gerados como cloreto de potássio (KCl) e o restante (70%) é cloreto de sódio (NaCl), o sal de cozinha, separado na planta de beneficiamento.
A unidade de concentração do minério será alimentada com 8,5 milhões de toneladas por ano de minério.
Por estar na Amazônia, o sal de cozinha não consegue chegar com valor competitivo aos mercados consumidores do país, que se abastece com sal-gema oriundo do Nordeste e do Rio de Janeiro.
Um possível destino para uma parte desse produto será a exportação para países, como o próprio Canadá, afirma Adriano Espeschit, CEO da subsidiária Brasil Potássio, desde 2021.
Redução da dependência
Espeschit disse que o projeto em Autazes é importante para o Brasil por substituir quase 20% das importações de potássio, contribuindo para amenizar a dependência brasileira.
Ele lembra que somente as lavouras de grãos do Centro-Oeste consomem cerca de 5 milhões de toneladas de potássio por ano, e que a empresa já tem acertado contrato de fornecimento de 500 mil toneladas anuais para o grupo Amaggi.
Licença
A empresa obteve em abril a licença de instalação do empreendimento pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
A licença, entretanto, teve de passar pelo crivo da segunda instância do Tribunal Regional Federal da 1ª região (TRF1), que derrubou uma liminar da juíza Jaiza Fraxe, que impedia o licenciamento ambiental, alegando que o Ipaam não teria competência para dar esse aval, e que isso seria prerrogativa do Ibama um órgão federal.
*Com informações do Estadão